Bandeiras e fachadas - coisas que você precisa saber sobre Alfredo Volpi
Volpi foi um dos artistas mais importantes do Brasil no século XX. Por que o modernista brasileiro por trás das séries Bandeirinhas e Fachadas está agora atraindo a atenção.
Alfredo Volpi foi um dos artistas mais importantes do Brasil no século XX. Por que o modernista brasileiro por trás das séries Bandeirinhas e Fachadas está agora atraindo a atenção de colecionadores de todo o mundo.
Quem era Alfredo Volpi?
Alfredo Volpi (1896-1988) foi um dos mais importantes pintores brasileiros do século XX. Ele conseguiu uma esplêndida síntese entre arte plástica e arte popular; entre figuração e abstração; e entre tradição européia e modernismo brasileiro.
Volpi ganhou vários prêmios, incluindo o de Melhor Pintor Nacional na Bienal de São Paulo de 1953, mas durante sua vida foi festejado predominantemente no Brasil. Só nos últimos anos é que o seu nome e fama se espalhou internacionalmente", diz Mir. Em 2018, o artista foi objeto de uma grande retrospectiva no Novo Museu Nacional do Mônaco, Alfredo Volpi - A Poética da Cor.
O início da vida de Volpi, influências e temas
Nascido na cidade italiana de Lucca em 1896, Volpi emigrou com sua família para o Brasil quando ainda era bebê. O Volpis se instalou em um bairro operário de São Paulo chamado Cambuci, onde Alfredo passou a maior parte de sua vida.
Seus primeiros empregos o viram trabalhando como marceneiro, encadernador e pintor-decorador para a classe alta e burguesia de São Paulo. Como artista, ele foi inteiramente autodidata, embora seu trabalho inicial mostre que ele conseguiu absorver a influência do Impressionismo e do Expressionismo. Na década de 1930, fez parte de um coletivo chamado Grupo Santa Helena, um conjunto de artistas paulistanos unidos por imagens com temas proletários. Volpi, por sua vez, gostava de representar festas de rua.
Na década de 1940, visitou regularmente a cidade litorânea de Itanhaém, onde ficou amigo do pintor de paisagens marítimas Emidio de Souza. Volpi produziu várias cenas de Itanhaém, e sua arte - sob influência de de Souza - passou por uma marcada mudança estilística: começou a simplificar consideravelmente suas formas.
Momentos marcantes
Em 1944, Volpi realizou sua primeira exposição individual - na Galeria Itá, em São Paulo - e foi um dos 70 artistas brasileiros que contribuíram para a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras daquele ano, realizada na Royal Academy of Arts em Londres (além de outros sete locais no Reino Unido).
Seis anos depois, em 1950, Volpi retornou ao país de origem por vários meses, participando da Bienal de Veneza daquele ano e aproveitando para ver o maior número possível de obras-primas artísticas. (Ele visitou o ciclo de afrescos de Giotto na Capela Scrovegni, em Pádua, nada menos que 18 vezes.)
Em 1958, Volpi foi convidado a pintar os afrescos da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, uma das primeiras igrejas de Brasília, uma cidade que estava sendo construída do zero especificamente para se tornar a capital do Brasil. A igreja é considerada um dos edifícios emblemáticos do arquiteto Oscar Niemeyer.
Alguns críticos sugerem que as composições geométricas que ele viu pelo pintor renascentista Piero della Francesca influenciariam a padronização geométrica em sua própria obra a partir do final daquela década.
Bandeirinhas e Fachadas - Os motivos mais famosos de Volpi
As pinturas mais famosas de Volpi, feitas entre o final dos anos 50 e os anos 70, eram de dois motivos em particular: Bandeirinhas e Fachadas. Em certa medida, tratou-se de uma evolução das suas primeiras cenas de rua, embora a sua arte se caracterizasse agora por uma cor exuberante e, mais crucialmente, por formas simples e geométricas (oblongos, semicírculos, chevrons, etc.). As próprias fachadas e bandeiras foram praticamente reduzidas à abstracção.
Estas pinturas são marcadas pela repetição lúdica e pela interacção rítmica de cores e formas. Volpi anunciou devidamente o movimento Neoconcreto (um grupo de artistas abstratos brasileiros mais conhecidos do que ele no cenário mundial, incluindo Lygia Clark e Hélio Oiticica).
Em 2011, uma das bandeiras de Volpi, Bandeirinhas Estruturadas (acima), arrecadou $842.500 na Christie's em Nova York, estabelecendo um recorde mundial de leilão para o artista que ainda está de pé.
O mercado da arte Volpi
Volpi morreu em 1988, com 92 anos. Foi apenas nos últimos anos que a sua estrela realmente se elevou. Os cinco preços mais altos de suas pinturas em leilão vêm desde 2011 - todos na Christie's. Três das cinco obras em questão eram Bandeirinhas e duas Fachadas.
Estes são definitivamente os seus motivos emblemáticos", diz Leonie Mir, Diretora de Pós-Guerra e Arte Contemporânea da Christie's de Londres, "por isso não é surpresa que [embora pinturas de outros períodos apareçam no mercado] as Bandeiras e Fachadas sejam de longe o Volpis mais cobiçado entre os colecionadores.
Eles me lembram um pouco o Matisse", acrescenta o especialista. É difícil não se apaixonar pelos ricos padrões e esquemas de cores. São imagens que transcendem as fronteiras nacionais".
7 obras do conceituado pintor
O que se segue apresenta obras do seu período maduro e mais estilisticamente assegurado, dos anos 1950 aos anos 1970.